Eu não sou eu mas estou aqui

Vejo que o pessoal da Liga anda muito sintonizado no quesito sentimento... mesmo aqueles que não tem postado nada por aqui. Muitas vezes nossa vida coincide. Acho que é a nossa forma de ter uma ligação que substitua a sanguinea (aproveitando o assunto "família que escolhemos" do Thiago.

Essa semana estarei indo pra casa pela 1ª vez desde que saí de lá para morar fora. Uma semana depois de um desses meus amigos ter tido essa exepriência. Mas ver que alguém teve essa experiencia antes de mim não faz diferença. Mesmo depois de ouvir todo o relato empolgado de como foi voltar.

Voltar. O que significa "voltar" para mim? Eu que nasci em uma cidade tropical e optei por vir morar em uma cidade onde quando faz frio, faz muito frio e quando faz calor, faz muito calor... sem mar por perto. Me parece ser como viver uma outra vida. Reencarnar. Desde que cheguei ao Rio Grande do Sul e vejo minhas fotos na Bahia, eu me vejo em fotos como se fosse uma outra pessoa. Minha cor de pele era outra, minhas roupas eram outras, meus amigos, minha conversa, minhas preocupações, minha moradia, meus gastos, meus assuntos, meus cenários... eu estou muito distante do que fui. Voltar pra minha terra será voltar pra mim?

Uma vez vi alguém dizer que você conhece melhor seu estado quando você sai dele e olha de fora. A Bahia continua igual pra mim, mas eu não. Estarei eu me olhando de fora? Irei eu, em meu retorno, ver o "eu sulista" de outra forma?

Irônicamente, o que me faz fincar o pé no chão é saber que há uma parte de mim que não tem como mudar independente de onde eu estiver. Uma parte atemporal: o meu eu virtual. Este que quando não sabe o que fazer busca nos seus amigos virtuais um alívio, mesmo que para um desabafo - como esse. Estamos todos em uma fase notável de mudança. Porém, igualmente conectados.